segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Subsídios, reformas e outras alcavalas

O Bengalão, que já muitas vezes ouviu muitos bufarinheiros da política, que são capazes de dizer a maior enormidade, desde que lhes possa garantir um votito, não estranhou que alguns, do Bloco ao CDS, passando pelo PSD (!), critiquem a inclusão nas listas da Contabilista de pessoas que, tendo já recebido um subsídio de reintegração quando deixaram de ser deputados, sejam agora de novo candidatos, não se sabe bem se a deputados se ao subsídio.

Entendamo-nos, Leitor. O Bengalão não tem nada a opôr a que os titulartes de orgãos públicos sejam bem pagos. O Bengalão gosta de pagar bem a quem o serve, não por ser uma pessoa muito generosa, uma espécie de S. Martinho redivivo, mas porque gosta de ser servido por pessoas competentes. E sabe que um dos maiores crimes que há décadas se está a cometer em Portugal é precisamente o facto de a maioria dos empresários portugueses, tacanhos, ignorantes, boçais, incompetentes, não pagarem bem aos jovens talentos que para eles trabalham, fazendo com que eles emigrem em cada vez maior número, conseguindo assim ganhar a sua vida e empobrecendo-nos a todos. O Bengalão quer que os seus serviçais de S- Bento e do Terreiro do Paço ganhem bem.

Também lhe não repugna nada que o tempo que estejam na AR conte para uma reforma especial. Se quem serviu a Pátria numa guerra tem (e muito bem) um bonus na contagem do tempo da reforma, também o deve ter quem a serviu de outra maneira, porventura menos perigosa, concerteza um tudo nada mais cómoda, toda de sofás de couro e balão de Glenfiddish na mão (todos os deputados portugueses estão convencidos (brassic devils, com diria o Ingenhêro se tivesse aprendido o seu Inglês em Glasgow e não algures, entre o seu Ministério e o Campo Grande) de que o Glenfiddish é o melhor cratur que existe no Mundo e de que, benza-os Latis que, como sabem todos os que têm uma quarta classe bem feita, é a Deusa céltica responsável pela água, se deve beber (horribile visu) num balão, em vez de num copo de provador semelhante aos do vinho do Porto.

O Bengalão adverte desde já que não tem pela Pátria nem a devoção interesseira do Senhor Portas nem a basbaquice babada e bacoca do Senhor Bragança (confessa, Leitor, que, não sendo esta uma das mais belas frases d'O Bengalão, não é muito fácil produzir aliterações em B). Mas prefere que alguns estejam dispostos a correr grandes riscos por todos nós, se a tal forem chamados. Tem, assim, pelas mulheres e pelos homens das Forças Armadas uma admiração muito grande). Voltemos, no entanto, o que aqui nos trouxe. O Bengalão acha que o tempo passado em cargos públicos, na Presidência da República, nos Governos, nas Assembleias, nas Autarquias, devia ser majorado, contando, por exemplo, com um bónus generoso de 25% e ser acrescentado ao tempo que cnta para a reforma normal do cidadão.

Entendamo-nos com um exemplo:

O Bengalão tem os seus descontos em dia, há-de ter uma reforma, se as Parcas não o entenderem de outra maneira (As Parcas, Ingenhêro, não são as Finanças Públicas, como te disse o teu Ministro das ditas, que é um brincalhão. Se a tua Alma Mater não fosse a Independente, ou , com mais propriedade, a tua Alma Matrasta, sabias o que são. Olha, telefona ao Manuel Alegre. Agora que já sabe que não é para o convidares para deputado, atende-te o telefone, em vez de deixar aquela mensagem cava e rotunda (não, Ingenhêro, não estou a falar nem do que bebeste em Barcelona nem de Viseu): Não posso atender. Fui de férias. Para a Argélia. Se ele estiver bem disposto, diz-te, O Bengalão, então, espera obter, graças ao seu esforço contributivo, que é aquilo que em Português se chama descontos, e à solidariedade dos seus Concidadãos, uma pensão. Se O Bengalão tivesse sido, perish the thought, deputado durante oito anos, O Bengalão acha justo que esses oito fossem majorados em 25% e contassem, assim, por dez, a integrar no esquema de pensões que O Bengalão tinha antes de ir para lá. O que O Bengalão não entende é este regabofe em que os oito anos contam como uma pensão completa e complementar (o meu saudoso Dr. Pechincha não deixaria de me chamar a atenção para a cacofonia). Até porque o deputado, eleito pela primeira vez, passa a ter um comportameno cuja finalidade única é ser reeleito, para abichar, e, portanto, pauta tudo o que diz, o que cala, o que faz e o que não faz a por uma só cartilha: a fidelidade sabuja e abjecta ao Querido Lider. Ora não é para isto que O Bengalão lhe paga.

No próximo episódio, O Bengalão falar-te-á do subsídio de reintegração, com uma proposta concreta, para que ninguém diga, Unrechtigkeit der Unrechtigkeiten, em Alemão macarrónico em honra do melhor penteado do Parlamento Europeu, Vital Moreira, que alguma qualidade há-de ter, porque é beirão.

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