sábado, 23 de agosto de 2008

Valentim

Nem O Ingenhêro merecia isto! Então não é que o Valentim, presidente de muitas organizações, algumas de utilidade pública e outras de privadíssima utilidade, negociante de muitas artes, exemplo de nobreza e paradigma de rectidão, declarou que, se calhar, apoiará o Ingenhêro nas próximas eleições? O Bengalão sabe que ambos gostam de distribuir aparelhos de variado uso, que muita gente torce o nariz aos títulos que ambos gostam de usar, mas nunca pensou que estivessem tão próximos. O Bengalão julgava que Valentim iria disputar, com a galhardia de que fosse capaz, com outros intocáveis da nossa democracia que se chamam Fátima Felgueiras e Ferreira Torres, a liderança da Região Norte no novo Partido do Jardim (e teria piada o Valentim ser dirigente de uma organização que, para todos os efeitos práticos, se chamasse PJ). O Bengalão julgava que, depois da rigorosíssima gestão do Metro do Porto, Valentim se dedicasse, pelo menos, à gestão do futuro aeroporto de Lisboa. O Bengalão julgava que, depois da justíssima e equilibrada gestão da Assembleia Geral da Liga, Valentim fosse escolhido, sob os aplausos reverentes de uma Nação rendida, para dirigir o Tribunal Constitucional (O Bengalão sabe que Valentim não é jurista, mas tem grande experiência de assuntos judiciais). Mas não. Nada disso. Valentim vai apoiar o Ingenhêro. E apoiar o Ingenhêro é, como todos sabemos, um emprego a tempo inteiro.
A não ser que. A não ser que a Contabilista, que parece já ter feito uma pós-graduação em tabulogia com o Professor Cavaco, gerindo agora o seu silêncio como quem faz a rodagem de um automóvel eléctrico, tenha feito um doutoramento com o Pensador Marcelo e, armada com os seus novos conhecimentos em estratégia, tenha resolvido, em vez de expôr as fraquezas do Ingenhêro a golpes de ideias, corroer-lhe as bases com o ácido potente de apoios duvidosos. E O Bengalão não estranhará se forem, nos próximos dias, anunciadas, como apoiantes do Ingenhêro nas próximas eleições, outras poderosas armas de arremesso como Isaltino Morais, ou Vale de Azevedo, ou Paulo Teixeira Pinto, ou até, perish the thought, como diria o Ingenhêro se falasse Inglês, o Zé do Telhado e João Brandão.

1 comentário:

com senso disse...

Boa bengalada!
Na verdade, com tantas e bem demonstradas qualidades o generoso Valentim, não poderia fazer mesmo outra coisa, a não ser apoiar o Ingenheiro!
Se virmos bem, até poderão ambos estar em patamares diferentes mas, o certo é que, pelo degrau da falta de vergonha já passaram os dois à muito tempo.
Assim, embora acredite que não vivam no mesmo piso, respirando exactamente os mesmos ares, a sensação que o reino possui é a de que parecem ter de facto algum traço de vizinhança...
Quanto à contabilista e os seus silêncios, penso que a raiz estará certamente nalgum problema de halitose... È melhor por isso mesmo, que fique muda e queda... pelo menos nos próximos 30 anos!