terça-feira, 8 de abril de 2008

Ainda o divórcio

Alguns amigos d'O Bengalão acharam que este tinha ido longe demais ao criticar o direito da Igreja Católica se meter na discussão do divórcio. O Bengalão acha que não se fez entender. A Igreja Católica tem todo o direito de dizer o que pensa da Família, do Casamento e do Divórcio (o Senhor Cardeal que me perdoe a terceira maiúscula). Mas a Igreja, que não reconhece o casamento civil, não tem o mínimo direito de se meter na sua dissolução. É ou não verdade que, para a Igreja, O Bengalão, civilmente casado há muitos e bons anos, vive (e só um católico é capaz de inventar uma palavra tão carregada de culpa) amancebado com a mulher que ama? Então que importa à Igreja que se separem, ou que o Estado reconheça a separação? Das duas uma, ou a Igreja reconhece o casamento civil, e não o faz, ou, para a Igreja, o divórcio de alguém civilmente casado pura e simplesmente não existe, porque se não pode dissolver o que não existe. Ninguém propõe que se dissolva civilmente o casamento religioso. Se alguém casar pela Igreja, esta tem todo o direito de considerar que só a morte os separa e, portanto, de não lhes conceder a separação. O problema da Igreja é a falta de fé. A Igreja ameaça os crentes com a cólera divina e com o castigo dos céus. Mas não acredita nem numa nem noutro. E prefere, enquanto espera pelo divino trovão, e à cautela, não vá o Senhor adormecer, ir adiantando já, e por conta, um infernozinho terreal e civil. A Igreja não consegue convencer os seus (in)fiéis das consequências terríveis da excomunhão e, por, isso, pede ajuda aos esbirros do príncipe. É disto que O Bengalão acusa a Igreja, não pretende cortar-lhe a palavra. Aliás, O Bengalão sempre considerou fascinante que alguns senhores que recusam cumprir o primeiro (por ordem cronológica) dos Mandamentos (Crescei e multiplicai-vos) lhe venham dar lições sobre a Família, a educação dos Filhos e a gestão da sua vida sexual. E não quer deixar de se divertir a ouvir as Reverendíssimas Criaturas.

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