domingo, 13 de abril de 2008

O Senhor Silva vai à Madeira

O Bengalão não nutre grande simpatia pelo Senhor Professor Cavaco Silva. Nem sequer partilha do embasbacamento português por um filho de um gasolineiro ter chegado a um diploma de um politécnico inglês que, por via de um sistema de equivalência discutível, se designa por doutoramento. Mas O Bengalão sabe que o Presidente da República não se esgota na figura do Senhor Professor Cavaco Silva. Tem um carácter institucional que O Bengalão, democrata convicto, respeita.
Há anos, antes da eleição presidencial, o Jardim deu mais um ar da sua graça ao referir-se ao seu colega de partido como "Senhor Silva". O Bengalão acha que, para além da evidente falta de gosto do distinto lider da Madeira, nada de especial há nisto. Compreende-se o que o prócere da Ilha quer dizer: ao referir-se ao seu colega como "Senhor Silva", queria ele diminui-lo, reduzi-lo a um nome comum e negar-lhe o direito à identidade própria, tirando-lhe o nome mais definidor. Aliás, está agora a fazer o mesmo com o Ingenhêro, ao tratá-lo por Pinto de Sousa. O Jardim está a perder qualidades.
Mas a vida dá muitas voltas, como diria a Margarida Rebelo Pinto. O Senhor Presidente da República vai, em visita oficial, à Madeira. Durante a visita à região, não irá ao Parlamento Regional. Quer dizer, deslocando-se o Senhor Presidente da República à Região Autónoma da Madeira, não visitará a sede máxima do poder regional. O Jardim acha bem. E trata os deputados regionais de loucos. A Presidência da República diz que o convite que lhe foi dirigido pelo Presidente do Parlamento Regional era para jantar.
Isto quer dizer várias coisas: que, convidado oficialmente para jantar, o PR não achou que, aproveitando a sua presença na Região, valesse a pena visitar o Parlamento; que, sabendo que o Jardim ofendeu os deputados, tratando-os, em público, de loucos, o PR não achou seu dever defender a honra dos eleitos, indo ao Parlamento; que, tendo ouvido os dislates do Jardim, o PR não achou que a sua dignidade, que é a nossa dignidade, o impedisse de ir à Madeira jantar com ele.
O Jardim tem razão: quem vai à Madeira é o Senhor Silva.

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