quinta-feira, 8 de maio de 2008

Contabilista

O Bengalão assistiu, com toda a atenção, à prestação da Contabilista na RTP. O Bengalão, que já tinha ouvido a Senhora dizer que não fazia campanha eleitoral, como é aliás seu pleno direito, esperava que, entrevistada pela televisão, explicasse por que pensava que era melhor do que os outros candidatos para dirigir o PSD. Para isso, seria importante que esclarecesse o que a distinguia deles. Não para os insultar mas para nos dizer, a todos, os que são do PSD e os que não são que, da pluralidade de um partido democrático, é natural que surjam ideias, todas elas inteligentes, todas elas sérias, todas elas respeitáveis, mas todas diferentes umas das outras, sobre os objectivos a atingir e o caminho para lá chegar. Pensava O Bengalão que a Contabilista não quereria que alguém pensasse que ela e o Santana são precisamente o mesmo. O Bengalão enganou-se. A Contabilista, que não fará campanha, escusou-se também a explicar as diferenças. Não é a primeira vez que O Bengalão assiste a estes métodos de fazer política. Ainda há pouco o Sr. Medvedev, na altura candidato à presidência da Federação Russa, fez o mesmo. Nem debate, nem campanha. E ganhou, esmagando os concorrentes. Parece no entanto a O Bengalão que a perspectiva de ver o principal partido da oposição dirigido por uma Medvedeva, que ainda por cima não rejeita o apodo de dama de ferro não augura nada de bom para a democracia portuguesa.
A dificuldade em marcar diferenças foi ainda mais longe. Depois de muito instada pela jornalista a dizer o que a distinguia do Ingenhêro, a Contabilista lá conseguiu lembrar-se de uma "diferença" e balbuciou umas banalidades sobre a importância do Estado. Ora O Bengalão esperava ouvi-la dizer o que mudaria se a Contabilista fosse Primeira-Ministra. Se O Bengalão percebeu bem, a política educativa seria a mesma, a política de saúde a mesma seria, a política de ambiente continuaria, manter-se-ia a política externa, e a de defesa, e a de turismo, e o modelo de desenvolvimento, e o segredo bancário, e a carga fiscal, e o financiamento da investigação, e a habitação, e o ordenamento rural, e a autorização dos OGMs, e continuaria a haver a PSP e a GNR e o F.C. do Porto continuaria a ser campeão de futebol. Tudo na mesma. Com menos Estado, claro. Nisso, a Contabilista é formal e intransigente.

1 comentário:

com senso disse...

Concordo em absoluto com as suas palavras. Considero aliás que estivemos perante uma entrevista indigente.
Se é esta a alternativa que há no País ao actual poder, resta-me dizer: Pobre Portugal...
Cumprimentos