sábado, 8 de março de 2008

Segurança Interna

O MAI publicou os últimos números que provam, à saciedade, que a criminalidade tem vindo a descer nos últimos anos. Há um ano, dois partidos da oposição, considerando que a criminalidade estava a aumentar, propuseram que se aumentasse o número de polícias. O Governo disse, na altura, que se tratava de uma manobra de populismo inaceitável, que não era necessário contratar mais polícias, que tudo estava bem, que para vivermos na Finlândia, só nos faltava a neve e chamarmos, como o faria o Ingenhêro se falasse Finlandês, às auroras boreais revontullen.
O Bengalão acredita piamente no MAI e nos seus relatórios. O Bengalão não põe as mãos no fogo nem pelo capachinho do Paulinho nem pela melena farta do MM (alguém se lembra dele?). O Bengalão acha, portanto, que é possível que o MAI tivesse toda a razão em não aceder às pretensões de tão sinistras personagens.
Entretanto, o crime desceu, o que parece dar razão ao MAI. Tudo está, portanto, bem. Poupam-se assim alguns euros e mostra-se à população que o MAI vela port nós e, ainda por cima, é poupada.
Mas, e em todas as histórias há um mas, se o crime desceu, alguns crimes aumentaram. Coisas de pouca monta. O assassínio de mais alguns seguranças. O car-jacking, como diria o Ingenhêro se soubesse falar português, os assaltos violentos. O que fez o MAI? Mais rápido do que a sua própria sombra, o MAI anunciou a contratação de mais polícias. Por acaso, o mesmo número que a oposição tinha proposto há um ano.
O Bengalão acredita em coincidências, com os limites do bem senso. Mas há alguns elementos de perturbação. Os números redondos perturbam o Bengalão. O número de polícias necessários são exactamente 2000. O Bengalão, este cínico, desconfia. Por que não 1998, ou 2002? Mas possível, é.
Agora, o que o Bengalão acha impossível de explicar pela coincidência é outro elemento. Expliquemo-nos por pontos:
1- O número de crimes desceu.
2- Por isso, há um ano, não eram precisos mais polícias.
3- O número de crimes continuou a descer.
4- Apesar disso, alguns tipos de crime aumentaram.
5- Todos estes crimes têm uma característica comum: são tipicamente urbanos.
6- Ou seja, da alçada da PSP.
Na sua proverbial modéstia, o Bengalão teria deslocado alguns membros da GNR para a PSP. Era mais barato e correspondia ao discurso do Governo sobre a evolução do crime em Portugal.
A não ser que a explicação seja outra. Que os números não sejam verdadeiros. Ou que a segurança subjectiva tenha levado o MAI a uma acção de propaganda hedionda. Ora qualquer agência de publicidade explicará a importância dos númeos redondos nas acções de propaganda. Ligando os dois elementos, o Bengalão ficou mais do que desconfiado.
E que ninguém diga que o Bengalão está a ver fantasmas onde os não há. Não seria a primeira vez que o Ingenhêro y sus muchachos usam a verdade com a flexibilidade de um contorcionista. E a propaganda parece ser a sua grande especialidade.

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